domingo, 10 de agosto de 2008

Ignacy Sachs- o economista e sociólogo que ajudou a formular o conceito que passou a ser chamado de Desenvolvimento Sustentável.

Nascido na polônia, em 1927, Ignacy Sachs chegou ao Brasil como refugiado da Segunda Guerra Mundial. Viveu e estudou no Rio de Janeiro, antes de iniciar uma carreira internacional.

Ignacy Sachs trabalhou na organização da Primeira Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, a Estocolmo 72, realizada na Suécia. E também na Cúpula da Terra, a inesquecível Rio 92. No início dos anos 70, ele ajudou a definir o conceito de ecodesenvolvimento, que tempos depois viria a ser chamado de desenvolvimento sustentável.

SACHS: A palavra foi inventada pelo secretário das duas conferências, de Estocolmo e do Rio, Maurice Strong. E eu fui um pouco encarregado de botar isso [...] [de forma] mais organizada, etc. E foi assim que começou. Podemos dizer que o desenvolvimento é a universalização efetiva do conjunto dos direitos humanos. Por direitos humanos eu entendo não só os direitos políticos, civis, cívicos, mas eu entendo direitos econômicos, sociais, culturais.

Ignacy acha que o desenvolvimento sustentável deve ser socialmente includente, ou seja, acabar com a exclusão social; deve distribuir riquezas, conservar e garantir os recursos naturais para esta e as futuras gerações.

SACHS: Se não tomarmos cuidado com o que fazemos, vamos destruir o planeta.

Ignacy não participou da Rio + 10 – Johannesburgo, em 2002, por estar decepcionado com os rumos do desenvolvimento sustentável.

SACHS: Eu acho que, de 72 a 92, nós avançamos muitíssimo no lado conceitual, mas a prática não acompanhou, ao contrário. [...] Da Cúpula da Terra do Rio até Johannesburgo, nós não só não avançamos, mas nós provavelmente regredimos. O problema é que essa idéia de desenvolvimento sustentável, eu costumo dizer, ou nasceu 15 anos tarde demais, ou 30 anos ou 40 anos cedo demais, porque ela coincidiu no tempo com a “contra-reforma” neoliberal, ou seja, o ataque ao papel do Estado, o ataque ao intervencionismo, e nada disso que estou falando pode ser realmente conseguido em uma economia dita “economia pura de mercado”.

O avanço mais importante nos últimos 50 anos, segundo Ignacy, é a mobilização da sociedade civil para garantir os seus direitos.

SACHS: Cada um de nós, por modesto que seja, e qualquer que seja o lugar onde ele está, tem uma responsabilidade com relação aos outros e, ao mesmo tempo, tem um espaço onde ele pode atuar, e se não tem esse espaço, o primeiro problema passa a ser a luta para ampliar esse espaço [...].

Ignacy aponta três dos principais problemas mundiais para o século XXI: o aquecimento da Terra provocando as mudanças climáticas; a falta de perspectivas para os mais de 2 bilhões de pequenos agricultores do mundo; e o terceiro grave problema é a dependência do petróleo.

SACHS: Quanto tempo toleraremos de estar na camisa de força da civilização do petróleo? Com todas as complicações que a luta e as guerras pelo petróleo trazem à humanidade.

SACHS: O Brasil é o país que melhores condições, no mundo, reúne, para iniciar uma transição para o desenvolvimento sustentável baseado numa civilização moderna de biomassa.

É preciso, segundo ele, mudar a forma de se pensar o país. De se abrir para as enormes possibilidades que os nossos recursos naturais propiciam.

SACHS: A esperança mora sempre dentro [de nós]. A esperança é uma atitude. Ou seja, por mais críticos que [sejamos] da realidade, isso não é uma razão para desesperar, e sim uma razão para mobilizar as forças para tentar superar esses obstáculos.


Referências
Vídeo disponível no sítio do Repórter Eco: <
mms://videos.tvcultura.com.br/reportereco-videos/20061201-ignacysachs-150k.wmv >. Acesso em: 10 ago. 2008.
Transcrição por Eliseu Raphael Venturi.

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Texto do sítio do Repórter ECO:

3/12/2006 - Desenvolvimento sustentável
Ignacy Sachs- o economista e sociólogo que ajudou a formular o conceito que passou a ser chamado de Desenvolvimento Sustentável.


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Nascido na Polônia,em 1927,Ignacy Sachs chegou ao Brasil como refugiado da Segunda Guerra Mundial.Viveu e estudou no Rio de Janeiro,antes de iniciar uma carreira internacional. Trabalhou na organização da Primeira Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU ,a Estocolmo-72 realizada na Suécia,e na Cúpula da Terra,a inesquecível Rio-92. No início dos anos 70, Ignacy ajudou a definir o conceito de ecodesenvolvimento que tempos depois passou a ser chamado de desenvolvimento sustentável.Entrevista com Ignacy Sachs -A palavra foi inventada pelo secretário das duas conferencias de Estocolmo e do Rio, Maurice Strong.E eu fui encarregado de botar isso mais organizado e foi assim que começou. Podemos dizer que o um desenvolvimento é a universalização efetiva do conjunto dos direitos humanos, por direitos humanos eu entendo não só os direitos cívicos, mas eu entendo direitos econômicos, culturais, sociais e todo conjunto de direitos coletivos."Ignacy acha que o desenvolvimento sustentável deve ser socialmente includente,ou seja acabar com a exclusão social,deve distribuir riquezas,conservar e garantir os recursos naturais para esta e as futuras gerações.Entrevista com Ignacy Sachs -"Não podemos abandonar o crescimento , enquanto houver as desigualdades sociais que existem no mundo.Por outro lado se não tomarmos cuidados com o que fazemos vamos destruir o planeta. "


Autor: Pauta:Marici Arruda. Reportagem: Maria Zulmira de Souza. Imagens do Documentário: "Depois da Rio+ 10"-produzido pela TV Cultura de São Paulo. Edição de Texto:Valesca Canabarro . Edição de Imagens: Olavo Inácio. Editora-Chefe: Vera Diegoli.


Ignacy Sachs - mensagem
Paris, 18 de Fevereiro de 2008.

Senhor Presidente,

Na impossibilidade de comparecer à solenidade de lançamento do Programa Territórios da Cidadania, desejo parabenizar à distância o governo brasileiro por essa tão importante iniciativa que coloca em novo patamar o combate à pobreza e às desigualdades sociais.

Territórios da Cidadania vem completar o Bolsa Família, considerado como um projeto exemplar de transferência da renda às famílias carentes, condicionada pela presença regular dos seus filhos na escola e pela participação nas campanhas de vacinação. Completar, ao apontar a inclusão social pelo trabalho decente como a tão necessária forma de saída da Bolsa da Família, de emancipação dos que dela se beneficiam hoje.

Territórios da Cidadania resultou da determinação do Estado desenvolvimentista de pôr em marcha a economia dos territórios mais atrasados, onde se concentram os bolsões de miséria mais recalcitrantes, e de fazê-lo despertando todas as forças vivas da sociedade local através da criação de fóruns e de conselhos de desenvolvimento.

Cada vez mais o desenvolvimento há de ser pactuado entre todos os seus protagonistas, a sociedade, os empreendedores, as autoridades municipais, estaduais e federais. Para tanto, torna-se necessário elaborar de forma participativa um duplo diagnóstico: por um lado, a lista das necessidades mais prementes e dos obstáculos a serem superados; por outro lado, jogando, por assim dizer, na ofensiva, a identificação dos recursos naturais latentes, presentes em cada território, a serem combinados com a força de trabalho ociosa num amplo leque de projetos, os mais variados. As trajetórias de desenvolvimento socialmente includente e ambientalmente sustentável são plurais.

Por sua escala, e pelo volume de recursos comprometidos, Territórios da Cidadania nasce como um programa pioneiro, a nível internacional, de planejamento participativo do desenvolvimento territorial voltado à inclusão social pelo trabalho dos que se encontram à beira das estradas do progresso e destinado a propulsar novo ciclo de desenvolvimento rural com agricultores familiares como atores principais.

O desenvolvimento nacional não se reduz a um somatório de projetos locais, mas tampouco pode prescindir deles. Ao realizar territórios da Cidadania, o Brasil estará contribuindo de maneira cabal à invenção de novas formas de atuação do Estado desenvolvimentista, comprometido com a justiça social.

Muito obrigado,
Ignacy Sachs.


Referências


Vídeo disponível no sítio do Ministério do Desenvolvimento Agrário: < http://www.mda.gov.br/portal/index/show/index/cod/1775/codInterno/15996#>. Acesso em: 10 ago. 2008.


Transcrição por Eliseu Raphael Venturi.