sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

TN Mercado Ético entrevista Ignacy Sachs

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“Há futuro para a humanidade? Há futuro para o planeta?”

O tom solene que o jornalista Ricardo Carvalho, do 
Mercado Ético, confere às duas perguntas decorre 
da consciência da gravidade da crise ambiental que vivemos. 
Mas revela-se um tanto excessivo diante da clareza sem-cerimônias 
e da coragem intelectual com que o entrevistado habituou-se a 
enfrentar as grandes questões do seu tempo. 

Ao longo das duas horas de conversa que manteve no final do ano 
passado com Ricardo e o jornalista Antônio Martins, 
do Le Monde Diplomatique Brasil, o economista e cientista social 
Ignacy Sachs, às vésperas de completar 80 anos,  busca no que 
viveu e testemunhou nas últimas décadas o fio condutor para a resposta. 
Submete a História recente – da qual, mais do que observador, 
é protagonista – ao crivo de sua lógica implacável para justificar... 
a recusa à pergunta. 

Para ele, trata-se muito mais de avaliar os graus de liberdade que 
a conjuntura oferece para a ação humana. Não qualquer ação, claro. 
Sachs não perde de vista por um segundo sequer o compromisso de 
vida com a construção de sociedades mais equânimes e solidárias, 
por meio de um modelo de desenvolvimento que subordine o 
crescimento econômico às exigências de igualdade social e 
prudência ambiental. 

Compromisso que exercitou ao longo de sua vida nas diversas 
atividades a que se dedicou no que chama de “três mundos”: 
as duas Europas do pós-guerra, separadas pela Cortina de Ferro, 
e países dependentes como o Brasil. 

Na entrevista, gravada pela  TV Mercado Ético, ele avalia as forças 
sociais que interagem em torno dessas questões desde a segunda 
metade do século 20. Extrai dessa análise uma visão pragmática 
dos caminhos possíveis para avançar. Dedica uma atenção especial 
ao Brasil, país em que viveu durante os  anos de sua formação e 
que nunca deixou de acompanhar de perto.  Não por curiosidade 
acadêmica, mas por acreditar que temos um papel decisivo a 
desempenhar na superação de um período histórico em que o 
petróleo barato bancou a hegemonia de um modelo econômico 
concentrador e perverso, por se alimentar do desperdício brutal 
de recursos naturais e humanos. Para sua conveniência, dividimos 
a entrevista em sete episódios. No primeiro, que publicamos hoje, 
Ignacy Sachs trata dos graus de liberdade que identifica para 
enfrentar o que considera as duas grandes questões do início do 
século 21, as mudanças climáticas e o déficit crônico de 
oportunidades de trabalho decente em escala mundial. 
E abre o debate sobre a premissa que caracteriza toda a sua 
trajetória política e intelectual: o modelo social com que se fará 
o combate à crise ambiental é o ponto estratégico que diferencia 
as forças em conflito. 

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